POLÍTICA: Você tem um dever a cumprir! Consulte a sua consciência!

(Imagem: Reprodução)

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.” O filósofo alemão Bertold Brecht escreveu um dos mais célebres textos sobre a importância da Política. Ao analisar o analfabeto político ele apontou as conseqüências que a falta da participação do cidadão na vida política de um país pode acarretar para o desenvolvimento social.



Bertold Brecht




Nos dias atuais, discutir política com as pessoas tornou-se um grande desafio. A política não é levada a sério pela grande maioria da população e, o que é ainda pior, tem se tornado cada vez mais distante do seu significado originário. Atualmente, muitas pessoas a conceituam como “a arte de pensar com a cabeça dos outros,” (Ditado Popular). Outros, através de piadas e anedotas ridicularizam os protagonistas e principalmente os coadjuvantes (na maioria das vezes, o povo) que, quando não estão no cenário da trama, ficam nos bastidores.
A cada crise uma nova piada, um novo ator entra em cena, e a situação parece que nunca vai tomar rumo. A política hoje, assim como algumas seitas e religiões são vistas, não como alternativas de mudança para o bem comum dos indivíduos, mas como alternativa econômica. Alguns de seus líderes e profetas, tentam afastar as pessoas o máximo que podem da política, para assim dominá-las e manipulá-las melhor. Parece que essas ciências, que vieram para organizar a sociedade, se voltaram contra o homem que está inserido dentro dela.
A parte mais triste dessa história é quando ainda acreditamos naquele ditado popular que diz que “na política, quando se entra nela, pode se ter até boas intenções, mas quando se está lá, e se participa do poder, o indivíduo corrompe-se por ver tantas falcatruas” (Ditado Popular). Essa afirmativa, nada mais é do que outra estratégia de afastar pessoas de bem da política para assim matar o sonho de melhoria da sociedade.
Quando pensei em escrever esse livro, pensei em elaborar um texto sobre os principais significados de Política. E a primeira impressão que eu tive foi a de que eu estaria escrevendo um livro que as pessoas não teriam o menor interesse de ler, pois ainda existe outro ditado popular que diz o seguinte: “Política não se discute.” E desta forma, outras pessoas também deixariam de ler.
Mesmo possuindo tantas referências negativas sobre o tema, aceitei o desafio, e lembrei-me do texto de Bertold Brecht sobre “O Analfabeto Político.”
O filósofo dá uma verdadeira lição de vida ao apontar as necessidades da participação da sociedade na vida política de seu país. Mas não são somente as idéias desse filósofo que resumem o verdadeiro significado do tema. Outros pensadores como René Rémond (RÉMOND, René. Por uma História Política. Do Político. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2º Edição, 2003, p.18.) e Norberto Bobbio “afirmam que o significado da política está inserido em uma relação de medidas de força para o bem comum.” (BOBBIO, Norberto. Estado Governo e Sociedade, Para uma Teoria Geral da Política. São Paulo: Paz e Terra, 12º edição, 2005, p.80).
Muitas pessoas que estão lendo esse artigo agora devem estar pensando que, em teoria isso (a política) funciona, mas na prática a diferença pode ser (e algumas pessoas acham que é) muito grande. Concordo com vocês, mas minha concordância não reside no significado da palavra propriamente dita, mas, na forma de como a tratamos.
Nós brasileiros temos o hábito de reclamar de tudo. Reclamamos do aumento dos preços, dos salários, principalmente quando ele atrasa, reclamamos da nossa qualidade de vida...enfim, temos o hábito de reclamar de tudo. Mas quando somos convidados a participar da vida política de nosso país, estado, município, comunidade e família, sempre encontramos algo de mais importante para fazer. Geralmente temos um jogo de futebol para assistir ou jogar, temos uma novelinha para assistir ou uma trouxa enorme de roupa suja para lavar. Isso quando não damos a desculpa de dar uma passadinha na igreja para rezar.
Nestes termos, podemos constatar que a culpa do país, do estado, do município e até de nossa própria família estar vivendo momentos de instabilidade não é somente das pessoas que foram eleitas por nós para administrarem os poderes públicos e até mesmo o nosso lar. A culpa é também nossa.
Nós somos tão culpados quanto às pessoas que reelegemos para o poder público e que foram presas por corrupção. Somos culpados por omissão ao permitimos que eles sejam eleitos novamente sem fazer nada para mudar. Somos culpados por que os vemos presos e condenados pela justiça pública todos os dias nos jornais e, com apenas um “beijinho na testa, um aperto de mão e um tapinha nas costas” os elegemos até novamente para o poder público.
É preciso dizer que não são todos os políticos que se utilizam dessas artimanhas para ganhar votos na época de eleição, mas torna-se necessário afirmar que muitos deles só fazem isso nesse período, e quando passa a eleição, nem ao menos chegam a cumprimentar as pessoas pelo qual depositaram nele o “beijado e abraçado” voto.
Esse é mais um reflexo da carência e da inocência de nosso povo que, quando recebe um beijo, um abraço e um aperto de mão ou tira uma foto ao lado deles, se sente mais próximo do poder do Estado... Mera ilusão...
O povo está tão carente do poder do estado que, quando os recebe em sua humilde residência (o que só acontece de quatro em quatro anos) acreditam estar recebendo um artista da televisão. Tiram fotos juntos (eleitor e candidato) beijam-se se abraçam, o político pega a criancinha no colo e, pela simpatia do candidato, acaba votando nele. Quanta carência...
Somos ainda culpados por conhecermos o passado sujo deles e ainda sim acreditamos que eles possam fazer algo para melhorar o nosso país. Somos culpados por sabermos que eles não possuem um grau de maturidade e instrução suficientes para administrarem um cargo público e assim mesmo os elegemos. Somos culpados por sabermos que eles não possuem ética nem mesmo com seus companheiros políticos, por não terem uma ideologia política formada e por ficarem “pulando” de partido em partido e, assim mesmo, depositamos neles o destino político do poder público.
Somos também culpados por eles acreditarem que podem entrar no poder público e utilizar a máquina do estado para a prática do peculato sem serem punidos, por que eles pregam a mentira de que no Brasil “vale tudo.” Somos culpados por sabermos que eles não possuem projetos consistentes de governo, não possuem idéias, ideais, não sabem nem ao menos se dirigir ao seu público (falta de domínio da oratória), e ainda assim, acreditamos que as ausências desses fatores não farão diferença alguma para eles administrarem o poder público.
Parece que quanto mais besteira e palhaçada ele fizer no palanque, maiores serão suas chances de chegar ao poder, pois “se os normais não resolveram o problema, talvez os loucos solucionem” (Ditado popular). O fato mais interessante é quando eles aparecem vestidos com as cores de seus partidos políticos. Parecem aqueles cavaleiros medievais com suas armaduras e espadas, prontos para travarem uma “justa” (batalha medieval). No entanto, a maioria deles não conhece nem mesmo as idéias que seus partidos políticos defendem. Parecem com aqueles indivíduos que torcem por um time, mas que não conhece nenhum dos jogadores. Somos tão culpados...
E ainda dizem que estamos vivendo em uma democracia? E Viva a festa da democracia!... Hélio Gáspari escreveu em 2002 uma coletânea de três volumes intitulada: A ditadura escancarada,(GASPARI, Elio. A Ditadura Escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.) A ditadura envergonhada, (GASPARI, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.) A ditadura derrotada.(GASPARI, Elio. A Ditadura Derrotada. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.)
Em seus Três volumes ele descreveu todos os horrores que passamos durante os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil.
Hoje, em decorrência da nossa realidade política, se substituíssemos a palavra “ditadura” utilizada por Hélio Gáspari, por “Democracia,” poderíamos até publicar:
1) A Democracia escancarada (1984 – 1990). (A era Sarney: Inflação o fenômeno). No período em que se deram direitos e oportunidades a quem não estava preparado para governar.
2) A Democracia envergonhada (1990 – 2000). A Rede Globo-cracia e o Impeachment de Fernando Collor. Num período em que o brasileiro ainda conseguia sentir vergonha de seu voto.
3) A Democracia derrotada – Brasil: Um país de todos (2000– 2008). A era Lula: Do Mensalão à morte da esperança. No período em que um homem ousou dizer: “A esperança venceu o medo” e com isso, ele acabou provando o contrário matando a esperança do povo. No país onde quase todos mandam e quase ninguém obedece.
Gostaria de deixar registrado o meu apelo. Não deixemos a política de lado, pois ela é fundamental para a organização do bem comum. Não vamos encarar o momento de escolher nossos governantes como um momento de festa (por que na festa pode tudo) nos deixando levar por meras promessas e projetos que não estão no alcance deles.
Elaborar ambiciosos projetos é muito fácil, difícil são os recursos financeiros e as estratégias políticas, econômicas e sociais que são necessárias analisar para a realização deles. Nesse período, aparecem muitos políticos com projetos e nomes de deputados, senadores, governadores...projetos esses, que já foram utilizados em outros carnavais e que muitas das vezes são praticamente impossíveis de serem realizados.
Primeiro por que são mal elaborados, e com isso o governo federal não libera recursos. Segundo por que privilegiam somente um grupo social dentro de uma sociedade, e com isso acaba perdendo amparo financeiro dos outros setores. Terceiro, por que eles são mal redigidos, mal apresentados e ainda não possuem garantia de rendimento de produção para os setores que eles são destinados.
Outro fator que deve ser observado antes da escolha do candidato, é a questão do apoio social à sua candidatura. Na maioria das vezes, observamos os candidatos sendo apoiados pelas camadas mais humildes da população. Isso é um bom sinal, mas somente esse fator não basta para escolhermos o melhor.
É preciso observar se os grandes e os pequenos empresários também estão apoiando esses indivíduos para ocuparem o poder público. Muita gente diz que “a voz do povo é a voz de Deus.” Engana-se quem pensa dessa maneira, pois, se a voz do povo fosse realmente a voz de Deus, nosso país não estaria vivendo toda essa crise política. É necessário também ouvir a voz dos grandes e pequenos empresários para escolhermos os nossos governantes, pois são eles quem geram empregos dentro de um município e, a insatisfação deles pode causar grandes crises dentro de uma região.
Eleitor, pense bem na opinião dos grandes e pequenos empresários do seu município, pois medidas políticas muito radicais podem afastar importantes empresários e afetar o seu bolso também. É nessa hora que nos lembramos daquele ditado popular: “a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco.”
O político que precisamos é aquele que participa das decisões importantes de sua comunidade. É aquele que possui um mínimo de instrução didática e noção de direito e administração para poder elaborar, executar e julgar as leis. É aquele que possui transparência nas suas ações e que não tem medo de dialogar. É aquele que possui pelo menos um mínimo de domínio de oratória, pois é através dela que ele terá condições de apresentar seus projetos com seriedade, dinamismo, ética e principalmente transmitir confiança para os seus ouvintes, porque não basta apenas está próximo do povo, ser do povo (como alguns dizem) ou saber se comunicar com ele é preciso também ter capacidade didática para saber conduzi-lo.
O Político que precisamos é aquele que possui projetos concisos e uma equipe treinada e preparada para lidar com as realidades que enfrentamos em nosso dia a dia. É aquele que possui um passado limpo, uma carreira e um currículo de vitórias e importantes lições de vida para dar de exemplo para o povo que o segue.
Política é uma coisa muito séria, não é motivo de piada, não pode ser decidida de forma irresponsável e muito menos deve ser encarada como um problema dos outros, por que a política é o problema nosso. Sei que muita gente deve estar pensando que esse político não existe, mas tenho o dever de afirmar que esse político está presente dentro de cada um de nós. Basta participarmos um pouquinho da política e ele se revelará.
Esse político está dentro de você que leu cada uma dessas palavras que escrevi nesse livro. Esse político é você, que não se conforma em ser um mero expectador desse filme de horror. Seja um protagonista, participe, vamos travar uma guerra contra os corruptos, porque a arma já está em suas mãos, ela é o seu voto, e a sua participação. No Brasil quem rouba é a minoria, e eles devem ser punidos.
Espero que minha mensagem sobre a política e seus significados tenha tido utilidade para você amigo leitor, pois o meu objetivo nesse estudo não é o de fazer propaganda política para nenhum candidato, mas sim de auxiliá-lo na sua reflexão sobre o destino político de seu município ou região e até país.
Política e responsabilidade social é dever de todos nós. Você tem um dever a cumprir. O Brasil não é um circo onde os políticos são mágicos e o povo brasileiro é o palhaço. Somos possuidores das matérias primas mais importantes do mundo. Temos petróleo, recursos naturais, recursos minerais, água em abundancia, florestas, pântanos, biodiversidade, fauna, flora...poderíamos dominar o mundo se participássemos melhor da vida política de nosso país...e o que mais dói é que isso não é piada...
Acredite na política, vote e exija mudanças daqueles que vocês escolherem para estarem no poder. O Brasil pode, e o povo brasileiro também, acredite, consulte a sua consciência. Você tem um dever a cumprir. Consulte a sua consciência.