A Trajetória de um “louco” no mundo dos “normais”

Sou natural de Realeza com meus trinta e quatro anos de muita história. Já apanhei café na lavoura do José Maria, fui frentista no posto do José Fialho, fui lavador de carros e trabalhei um bom tempo na extinta Copa Real e peguei muita carona com o uniforme da Pássaro Verde. Quem é natural de Realeza com certeza se lembra de minhas loucuras na Eloy Werner com meus clipes musicais e a peça teatral do bêbado que interpretava nos meus tempos de juventude.
Deixei para trás muitas saudades de amigos que carrego hoje em minhas lembranças para onde quer que eu vá. Lembro-me dos finais de semana em que eu e o Gedeon pegávamos carona na pista para passear em Matipó, das vezes em que saíamos com o Juninho do Sr. Oreni naquele “fuscão vermelho” que, com o “Russão” junto com a gente era sinal de muita bagunça e diversão sadia, é claro. E dos vinhos “Crevelin” que tomei muitas vezes no restaurante da Dona Diva com meu velho amigo Anderson Gantus curtindo o som do Pink Floyd ou Zé Ramalho nas noites enluaradas, o qual não vejo a alguns anos. Me recordo das corridas em Santo Amaro ao lado de meu amigo Amaury que hoje é residente em Ipatinga...
São muitas lembranças do meu tempo de Realeza, que não se apagam e que carregarei comigo para onde quer que eu vá. Realeza foi um lugar que me ensinou muito a me tornar o homem que hoje eu sou.
Atualmente sou casado com uma professora da rede municipal de ensino chamada Luciana e estou morando em Caratinga. Fui seduzido pelos estudos históricos em 2000 e cursei História na UNEC graduando em 2004. Neste mesmo ano recebi de presente de casamento de meu cunhado José Alves o curso de Pós Graduação em História do Brasil como reconhecimento de meu esforço para cursar uma faculdade. E “bota” esforço nisso, pois precisei pegar muitas caronas com o uniforme da Pássaro Verde para conseguir estudar.
Foram anos difíceis, pois muitas e muitas das vezes, fui criticado e perseguido por pessoas que nunca tiveram a ousadia de enfrentar medos e frustrações para alcançarem seus objetivos. É a lei da selva... só sobrevivem os mais fortes. Graças a Deus, tive a oportunidade de trilhar os caminhos mais difíceis e, gostaria de dizer que tenho preferência por eles. Pois tudo o que vem com sacrifício vale a pena. Nunca me envolvi com drogas, com qualquer tipo de violência ou situação que desmerecesse credibilidade das pessoas. Essa é a característica principal da minha família e do legado que Dona Zely e o Sr. Joãozinho deixaram para a comunidade de Realeza e o mundo.
Sempre busquei os desafios mais difíceis, pois sei o poder da felicidade após a conquista de cada um deles. Em 2005 tive o prazer de tentar a prova do mestrado em História. Era e é uma das provas mais difíceis do conteúdo histórico, pois envolve a apresentação de um projeto científico nunca antes explorado pela comunidade científica. O meu desafio foi mostrar a existência da “República de Manhuassu”, isto é: provar a existência de um acontecimento político que tivesse uma envergadura nacional. Graças a Deus fui aprovado em 1º lugar e ainda consegui a bolsa da CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) sendo pago para estudar durante o curso. Foi uma honra para eu ter essa bolsa, uma vez que estudei em Realeza até o ensino médio e pude provar a competência de meus professores conterrâneos.
Defendi o mestrado em 2008 me tornando mestre em História e em 2009 publiquei meu primeiro livro: “A República do Silêncio” que foi esgotado em menos de um mês com 500 exemplares ganhando destaque na mídia nacional nos principais jornais do Estado de Minas e Brasília. A segunda edição dele sairá em breve, talvez em questão de um mês, só depende da editora. O mais curioso são as novas fontes ampliadas ao estudo e a revisão realizada no material que ficou de mais fácil leitura, bem como as novas fontes incorporadas ao tema. Mas em relação ao mestrado, tenho muita vontade de continuar a estudar e pretendo tentar o doutorado em História.
Hoje, sou professor da Facig em Manhuaçu e leciono nos cursos de Serviço Social e Turismo. Sou professor também no curso de Mestrado em Educação no IESES, onde leciono ciência política, sendo o único professor brasileiro do curso. Trabalho nos campus de Governador Valadares e Caratinga. Também estou com um “pé” no estado lecionando a disciplina de Educação Religiosa no distrito de Santa Efigênia, pertencente à Caratinga.
Gostaria de deixar o meu abraço a todos os meus amigos de Realeza, Santo Amaro e Vila Nova os quais nunca esquecerei.

A todos um forte abraço

Flávio Mateus dos Santos

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