BIG BROTHER BRASÍLIA

imagem: reprodução
O Big Brother Brasil tem sido um dos programas de maior audiência na televisão brasileira. Confinados em uma luxuosa casa, os participantes têm a missão de eliminar os demais participantes inserindo-os no “paredão,” um local onde o indivíduo será julgado pelo público telespectador através de voto por telefone, e-mail ou mensagens de celular.
O finalista que é escolhido pelo público recebe um prêmio de um milhão de reais além dos cachês das entrevistas em canais ou programas de televisão e de os outros prêmios do programa como carros, computadores, eletrodomésticos e etc.
Esse programa foi baseado em um livro que fez muito sucesso na década de 80 chamado: “1984”, de George Orwell, que narra a história de uma sociedade vigiada por um "sistema" 24h por dia. Outro material que ajuda a entender o reality show é o filme de Jim Carrey chamado: “O Show de Truman”.
Segundo um internauta do site Yahoo: “O filme conta a história de Truman Burbank, um vendedor de seguros, que vive desde o nascimento vigiado por câmeras de televisão, vinte e quatro horas por dia. Ele leva alegria e esperança para milhões de telespectadores em todo o mundo, sem saber que é a estrela de um reality show, mercadoria e vítima de um sistema dominador, que procura atender seus interesses, impondo um modelo social permeado por uma falsa e ilusória ideologia”.
Por detrás das câmeras, cercados por diversos ângulos, podemos observar os pequenos teatros desenvolvidos pelos protagonistas. Cada um querendo conquistar a simpatia e a comoção do público para se livrar da eliminação. Mas será que os chefes dos operadores das câmeras não poderiam simpatizar com um dos protagonistas e fazer com que esse indivíduo conquistasse o público? Geralmente, o poder de quem está por detrás das câmeras controlando-as não é mencionado. Como a maioria das pessoas acredita, essa tarefa é passada ao telespectador através do voto, assim como na política.
Analisar o funcionamento desse programa ajuda a entender como ocorre a construção da imagem na política. Geralmente, como ocorre na maioria das vezes no Reality Show, o indivíduo é colocado no “paredão” por falta de afinidade. Será que na política a coisa pode funcionar da mesma forma?
Quando um indivíduo possui ideias muito radicais ou que não estejam em sintonia com um determinado grupo que está no poder, ele é isolado dessa maioria e, a partir daí ele sofre retaliações até ser punido e finalmente eliminado. Essa é uma das estratégias apontadas no Big Brother, colocar o adversário como o agressor, como o louco ou como aquele que representa “o vilão da casa”.
Na política isso não é diferente, nas campanhas eleitorais para Presidência da República em 2006, o marqueteiro João Santana, de nosso atual presidente da República adotou essa mesma estratégia para vencer seu adversário. Veja um trecho do artigo de Fernando Rodrigues da Folha online escrito em 2006.
Segundo ele: “O marqueteiro atual de Lula desenvolveu uma análise própria sobre o caso de amor do eleitorado com o presidente: a teoria do "fortão" e do "fraquinho." Ele usa termos mais eloquentes, mas criou esses enquanto falava à Folha "para ficar mais publicável." Lula alternaria esses dois papéis no imaginário do brasileiro das classes mais pobres. Depois que se elegeu presidente em 2002, o petista passou a ser uma projeção de sucesso para as camadas C e D da população. “É um deles”. “Chegou lá,” diz João Santana. Nesse momento, o personagem é o “fortão”, que 'rompeu todas as barreiras sociais e conseguiu o impossível, tornando-se um poderoso. ”Já quando Lula é atacado, o povão pensa que é um ato das elites para derrubar o homem do povo que está lá”. 'Só porque ele é pobre', pensam. Nesse caso, vira o bom e frágil 'fraquinho' que precisa ser amparado e protegido", elabora Santana. O marqueteiro não criou essa teoria do nada. Durante 77 dias sucessivos foi alimentado por pesquisas. A cada 24 horas, o instituto Vox Populi entrevistava 700 eleitores para a campanha do PT em todo o país. Ao mesmo tempo, também diariamente, oito grupos de 12 pessoas eram entrevistados por cerca de uma hora e meia por especialistas das chamadas pesquisas qualitativas. As 'qualis' eram transmitidas em vídeo, ao vivo, pela internet por meio de uma conexão segura para o microcomputador de Santana. Em 77 dias, o publicitário de Lula teve a opinião, portanto, de 53,9 mil entrevistas quantitativas e de 7.392 qualitativas mais do que a maioria das teses universitárias que tentam entender o que pesam os eleitores brasileiros”.
No Big Brother Brasil, diga-se de passagem, que, Jean Willis, vencedor do Big Brother 05, ao afirmar ser homossexual e estar sendo vítima de preconceito ganhou a comoção do público e, por mais que fosse indicado ao “paredão” pelos adversários, já estava com o jogo ganho. Teoria do fraquinho... Há também o caso de “Domini”, que foi um dos participantes e vencedor do Big Brother 03; este foi um dos mais indicados ao “paredão” e, por ser a vítima, acabou se tornando o “fortão” da casa. Sempre quando voltava do paredão ele dizia a seus adversários: “E aí!? Quem vai ser o próximo?...” Teoria do fortão...E o povo adorava...E adora isso! “É a novela da vida real” como diz o Pedro Bial.
Como se percebe, as estratégias do “Big Brother” são também baseadas na teoria do “fortão” e do “fraquinho.” E com isso, os chefes dos operadores das câmeras da emissora (e na política brasileira, os marqueteiros) administram com maestria tudo aquilo que os convém.
Outra situação que pode ser mencionada são os “casos de amor” que ocorrem no Reality Show. Já no início do programa começam a surgir os namoros e, pelas madrugadas depois das festas rola “quase de tudo.” Essa estratégia faz com que a atenção do público seja desviada do “casal apaixonado” para a solitária “vítima da maioria.” Ninguém na casa vai querer ser acusado de estar com inveja do “amor” dos outros. Sexo também dá audiência, E MUITA!!!; Principalmente quando um dos participantes é casado ou tem um relacionamento fora da casa. Retirá-los da casa pela indicação dos participantes seria motivo para mais brigas e desentendimentos tornando-os ainda as vítimas e, seus acusadores vulneráveis à opinião pública. Enquanto isso, o casal se mantém na casa por mais algumas semanas. Na política, geralmente é isso o que acontece à um político quando ele “fala demais e a câmera filma de menos.”
No Big Brother tem também a “prova do líder,” que consiste em escolher um chefe para a casa que ainda poderá indicar um participante para a eliminação. Tem “a prova do anjo,” que consiste em livrar um participante de enfrentar o paredão, mas não o livrará da indicação ao paredão pelo líder da casa se este o desejar. E por fim, o “paredão,” que é a eliminação do participante pelo público através do voto.
No nosso “Big Brother Brasília,” a coisa também não é muito diferente. A prova do líder, consistirá na resistência “física” do parlamentar durante as eleições para o cargo público. Este, quando é eleito ou indicado, tem o poder de abrir ou reabrir processos contra seus inimigos políticos e indicarem-nos ao “paredão” (Um conselho de ética ou um tribunal). Na prova do anjo sempre haverá um “testa de ferro” bem pago para livrar algum correligionário político do “paredão,” mas como no Big Brother, este não estará imune de ser indicado ao “paredão” pelo líder. E por fim, o “paredão,” o local mais temido dos políticos corruptos, lugar esse, que ficará a cargo do voto de uma maioria que vê o que a câmera filma.
Assim como muitos brasileiros fazem de tudo (do ridículo ao pornográfico) para entrar no Big Brother Brasil e concorrer ao prêmio de um milhão de reais. É preciso dizer que muita gente também faz coisas até piores para entrar na política brasileira. Se o Big Brother Brasil rende um milhão de reais para o vencedor do Reality Show, o que renderia os cofres públicos para um político corrupto???Lembrando que quem já entrou no Big Brother Brasil e ganhou o seu milhãozinho não voltou ao programa, mas, de quatro em quatro anos, os “participantes da nave mãe Big Brother Brasília” estão sempre voltando.
Enquanto isso o povo vota... vota no fraquinho... vota no fortão...chora pro fraquinho...briga pro fortão...e enquanto isso novas estratégias são estudadas, analisadas, para que o povo pense que desse jogo, “o Big Brother,” ele não participa, é apenas o espectador, quando na verdade é ele, quem é seu principal participante, protagonista, contribuinte e, “cobaia.”

0 comentários:

Postar um comentário